O padrão de consumo da sociedade tem se modificado. Quanto mais consumimos, mais produtos são criados e a capacidade de absorção da natureza é inferior a produção dos resíduos desse consumo. O crescimento da população e a pouca importância que a sociedade dá para a temática provocou ao longo dos anos de desenvolvimento industrial e tecnológico, alta descartabilidade dos bens consumidos. A maioria desses produtos são não degradáveis e, por isso, temos um problema que afeta todo o ecossistema, pelos produtos serem componentes e materiais de difícil degradação e grande toxicidade. A sociedade já possui informações sobre o descarte inadequado de resíduos e que resíduos passivos podem comprometer a qualidade de vida das próximas gerações.
Indubitavelmente esse tema é de grande relevância. No entanto, a discussão e conceituação de resíduos é um importante conhecimento para os profissionais da saúde. Os resíduos dos serviços de saúde estão inseridos nesta grande discussão e nos últimos anos vêm ganhando espaço nas discussões sociais, dado a peculiaridade e gravidade dos acidentes e da toxidade para o meio. Frente aos grandes desafios de melhores formas de gerir problemas sobre resíduos de saúde a sociedade tem discutidos novas políticas públicas e a constituição de um processo legislativo e administrativo voltado a sustentabilidade do meio ambiente e das questões que envolvam a saúde.
Os resíduos podem ser de diversas naturezas: resíduos líquidos, afluentes e efluentes etc., mas são os resíduos sólidos, considerados por muitos como o lixo, um dos principais problemas dos gerados nos serviços de saúde. O resíduo assim, seria o material descartado dos procedimentos realizados, os resíduos podem ser secos ou molhados de matéria orgânica ou inorgânica. E podem ser classificados de acordo com os riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública, sendo classificados como de classe I e de classe II.
Classificação dos resíduos de saúde
Os resíduos de classe I, são aqueles que são considerados perigosos por suas propriedades físicas, químicas e biológicas e são identificados por suas características, podendo ser inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos e patogênicos. Já os resíduos de classe II, são subdivididos em A e B. Assim, os resíduos de classe II-A são aqueles inertes que podem ter propriedades que os levam a ser biodegradáveis, de combustibilidade ou solubilidade. Já os resíduos de classe II-B não denominados inertes são aqueles que não possuem componentes que permite a solubilidade em água.
Os resíduos ainda podem ser classificados sólidos urbanos sendo: domésticos ou residenciais, comerciais e públicos. Já os resíduos de fontes especiais são aqueles que podemos considerar como: industriais, da construção civil, radioativos, de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários, agrícolas e os resíduos de serviços de saúde. Este último é um tipo de resíduo que possui suas denominações próprias e é classificado de acordo com as características e consequentes riscos que pode acarretar ao meio ambiente e à saúde.
Os resíduos de saúde são classificados em 5 grupos que devem ser observados pelos profissionais de saúde podemos observar a RDC ANVISA no 306/04 e Resolução CONAMA no358/05. Os grupos são classificados como: A, B, C, D e E.
Vamos conhecer cada grupo:
- Grupo A — Estão relacionados aos agentes biológicos e possuem como características os resíduos que possuem maior virulência ou concentração, apresentando risco ou infecção, que podem causar mal direto a saúde humana. Podemos considerar nesse grupo lâminas de laboratório, peças anatômicas bolsas de sangue (transfusionais).
- Grupo B — Esses resíduos possuem substâncias químicas que podem ser inflamáveis, corrosivos, tóxicos ou que gerem reatividade no contato com o ser humano. São de importância para a saúde pública, sendo: medicamentos, reagentes de laboratórios e resíduos de metal pesado.
- Grupo C — Neste grupo podemos considerar quais materiais que sejam produzidos na relação de atividade humana que possuam radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação estabelecidos pelas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear, se relacionam com a medicina nuclear e radioterapia.
- Grupo D — São aqueles riscos que não se relacionam com o risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, sendo mais próximos dos resíduos domiciliares. São resíduos alimentares ou resíduos gerados em ambientes domiciliares ou de ofício.
- Grupo E — São um dos resíduos mais importantes para enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos pois se tratam daqueles relacionados aos materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, considerando agulhas, ampolas de vidro, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas, instrumentos cirúrgicos e outros da mesma natureza.
Os resíduos do serviço de saúde têm destaque para os profissionais de saúde, sendo importante conhecê-los e destacando uma especial atenção nas fases de seu manejo, sendo importante o treinamento das equipes para tal. As fases do manejo devem ser cuidadosamente realizadas (segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final) em decorrência dos riscos e acidentes eventuais, se tratando de produtos danosos a saúde, sendo construídos por componentes químicos, biológicos e radioativos. Dessa forma é essencial que os profissionais antes de tudo conheçam sua classificação.
Cabe ressaltar que o enfermeiro pode ser o responsável técnico pelos resíduos de saúde, de acordo Resolução Cofen 303/2005. Ainda devemos saber que almejando a criação de boas práticas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC 222/18, que trata da regulamentação das atividades que envolvem todas as etapas do controle de Resíduos de Serviços de Saúde – RSS. Essa deve ser observada pelo enfermeiro nas práticas durante o gerenciamento de resíduos de saúde.
Fonte Portal PEBMED