Com o crescimento populacional no Brasil nas últimas décadas, principalmente nos grandes centros urbanos, o destino do lixo tornou-se um grande problema ambiental e de saúde pública.
De acordo com a superintendente de Qualidade Ambiental, Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental da Secretaria do Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Sergipe (Semarh), Valdinete Paes Silva, o descarte inadequado dos resíduos sólidos pode causar doenças e sérios riscos ao meio ambiente.
“Doenças como aedes aegypti, febre tifóide, diarréias, giardíase, leptospirose, podem ser causadas, além da contaminação do solo, do ar e os lençóis subterrâneos, que agravam o efeito estufa, influenciando na qualidade de vida da população”, conta.
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a destinação ambientalmente adequada de resíduos sólidos inclui a reutilização, a reciclagem, compostagem, a recuperação, o aproveitamento energético. “A forma de descarte mais indicada seria a dos aterros sanitários, mesmo que a maioria dos municípios sergipanos ainda apresentem lixões”, afirma Valdinete.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, de acordo com a superintendente, preconiza o encerramento dos lixões. Uma atenção especial para o consumo sustentável objetivando a não geração de resíduos. “Temos como consequência a inclusão sócio produtiva dos catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, em cooperativas ou associações. A Semarh tem dois projetos em execução cujo público, além de ter representantes da sociedade civil e de comunidades tradicionais, têm especialmente os catadores”, explica.
Valdinete Paes cita as políticas públicas existentes para o descarte correto de lixo: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Plano Nacional de Resíduos sólidos, Planos Estadual de Resíduos Sólidos, Plano Intermunicipal de Resíduo Sólidos, Plano Estadual de Coleta seletiva, Planos Municipais de Coleta seletiva, Política Nacional do Meio Ambiente, Lei Federal de Saneamento Básico, Resolução Conama, e Política Estadual de Gestão Integrada de resíduos Sólidos, Política Estadual do Meio Ambiente.
Os principais destinos do lixo no Brasil
Lixões
Este destino ainda é utilizado no Brasil. Consiste em simplesmente retirar todo o lixo (orgânico e material) das residências, comércios e indústrias, despejando-os em grandes áreas a céu aberto. Localizados geralmente em regiões periféricas de cidades, estes lixões são responsáveis pela concentração de ratos, baratas e outros insetos. Tornam-se verdadeiros focos de proliferação de doenças, além do mau cheiro que exalam. Nos lixões sem fiscalização, pessoas muito pobres costumam recolher materiais recicláveis e até mesmo restos de comida, colocando desta forma a saúde em risco.
Outro problema, esse de ordem ambiental, também se faz presente neste sistema. Ao entrar em putrefação, os materiais orgânicos produzem chorume, que pode atingir rios, lagos e lençóis freáticos próximos aos lixões. Este processo pode provocar grave situação de contaminação da água. Este é classificado como pior destino para o lixo e aos poucos vai deixando de existir em nosso país.
Aterros sanitários
Este é o sistema de tratamento de lixo mais usado no Brasil atualmente. Nestes locais, o solo é preparado (impermeabilizado) para receber o lixo orgânico. Este é colocado em camadas intercaladas com terra, evitando assim o mau cheiro, contaminação e a proliferação de insetos e ratos. O processo de decomposição do material orgânico é feito por bactérias anaeróbicas. Como resultado deste processo, ocorre a geração do gás metano, que pode ser descartado (queimado) por saídas específicas ou utilizado na geração de energia elétrica (sistema mais adequado).
Compostagem
É um destino muito interessante, do ponto de vista ambiental e econômico, para o lixo orgânico (principalmente restos de frutas, verduras e legumes). Neste processo, o lixo orgânico é transformado em adubo para ser utilizado na agricultura.
Coleta seletiva e reciclagem
A coleta seletiva consiste em separar o lixo orgânico dos materiais recicláveis. Estes últimos são vendidos ou entregues a empresas ou cooperativas que os reciclam. Desta forma, estes materiais podem voltar à cadeia produtiva, gerando emprego e renda para todos que atuam no processo.
Alguns exemplos de lixo reciclável: latas de alumínio, potes e sacos de plástico, garrafas PET, sobras de papel, papelão, garrafas e potes de vidro, jornais e revistas.
Incineração de lixo
Este sistema é mais usado nos casos de lixo hospitalar ou que possuem algum tipo de contaminação perigosa. É realizado em incineradores apropriados, mantendo toda segurança possível. A fumaça gerada deve passar por um sistema de filtragem para diminuir ao máximo a poluição do ar.
Tratamentos especiais
Existem alguns tipos de lixos que não devem ser misturados com o lixo comum. É o caso das pilhas, baterias, lâmpadas e eletrônicos. Estes objetos apresentam, em sua composição, elementos químicos que podem gerar graves problemas ambientais como, por exemplo, contaminação do solo e da água.
Após o uso, estes objetos devem ser separados pelos consumidores e entregues em locais específicos. Empresas especializadas ou até mesmo os produtores devem retirá-los e tratá-los de forma adequada com toda segurança.